O meu nome é Henrique Gonçalves, tenho 19 anos e sou de Lisboa. O meu percurso até a realização do meu projeto EVS pode ser descrito numa só palavra: estudo. Passei todo o meu secundário a estudar arduamente para obter bons resultados, e, de seguida, entrei no curso de Medicina, algo que ambicionava já há vários anos. No entanto, apesar de empolgado com o curso e as disciplinas que ia ter, percebi que algo não estava certo, que não podia continuar com mais seis anos de estudo sem ganhar outras competências e sem vivenciar outras realidades. Foi então que decidi que estava na hora de fazer algo diferente e de sair da minha zona de conforto, e foi nesse contexto que me candidatei a um projeto EVS em Espanha, através da Proatlântico. Este projeto tinha como fim auxiliar pessoas com “deficiências” intelectuais, através da instituição ATADI, e foi realizado numa pequena cidade da comunidade autónoma de Aragão chamada Teruel. Esta instituição disponibiliza um local de trabalho adaptado à realidade dos seus utentes, bem como uma residência onde alguns deles vivem e são apoiados 24 horas por dia. Logo na primeira semana conheci todos os utentes que trabalhavam na instituição, que me receberam de braços abertos e depressa me fizeram sentir como se já fizesse parte desta há vários anos. Era realmente impressionante o entusiasmo, felicidade e gratidão com que encaravam a vida, que foi uma das maiores aprendizagens que retirei desta experiência. Descobri as suas histórias, e eles a minha, e a partilha de tantas experiências, não só no centro de trabalho, mas também em caminhadas e campeonatos desportivos nos quais participamos, levou à criação de bonitas amizades que mudaram a minha maneira de ver o mundo. O meu espanhol, que inicialmente era quase inexistente, em poucas semanas melhorou brutalmente, o que se deve, em grande parte, às coisas que os utentes me ensinavam e à paciência que tinham comigo. Ao longo dos quatro meses, conheci também os recantos da pequena cidade onde estava, assim como várias pessoas locais que me fizeram perceber que, ao contrário daquilo que eu julgava inicialmente, Espanha (e mais especificamente a região de Aragão) possui uma cultura riquíssima que difere em muitos aspetos da cultura portuguesa. Tive também a oportunidade, já no final dos quatro meses, de participar num encontro com outros voluntários internacionais, na Catalunha. Este foi também um dos principais acontecimentos da minha experiência de voluntariado pois permitiu-me conhecer tantas pessoas distintas, de uma grande variedade de nacionalidades. Houve uma partilha tão grande com cada uma delas, que ao voltar a Teruel sabia que tinha feito amigos para a vida, bem como tinha mudado profundamente a minha forma de encarar a diferença e o multiculturalismo. A verdade é que estes quatro meses de voluntariado foram dos mais intensos que tive em toda a minha vida, recheados de emoção e felicidade. Foram também os melhores meses da minha vida, em que conheci pessoas realmente impressionantes com quem mantenho fortes amizades que decerto durarão uma vida inteira. Sinto que saí do projeto e voltei a Portugal muito mais maduro e com uma outra capacidade para apreciar a diferença e as coisas boas que me rodeiam.