Sou a Cláudia tenho 28 anos e estou a fazer o meu SVE em Tallinn (Estónia), numa escola de novo-circo, com a duração 9 meses. Quando recebi a notícia que tinha sido seleccionada para fazer um SVE na Estónia algumas dúvidas e preocupações assaltaram-me a mente. E se o projecto, afinal não fosse tão interessante como o pintavam? E se não me conseguisse integrar bem? E se o inverno fosse demasiado frio para esta Algarvia? Neste momento, exactamente 5 meses depois de ter começado esta aventura, posso dizer que estou a adorar! Aqui as semanas não são monótonas, o ambiente é de partilha e criatividade, e, apesar de já ter experimentado temperaturas de -23º, ainda não congelei. Estou a gostar muito do meu projecto, tenho bastante liberdade criativa para apresentar novas ideias ou pequenos projectos, diariamente aprendo bastante sobre novo circo, acrobacia, malabarismo, tudo áreas que me interessam bastante. Os meus colegas de trabalho são pessoas divertidas e muito sociais. E até agora sempre que preciso de ajuda quer no trabalho quer fora dele, estão sempre dispostos a ajudar. Regra geral faço jogos de aquecimento e concentração no inicio das classes das criança e ajudo os treinadores durante as mesmas; duas vezes por semana dou uma aula de expressão dramática aos miúdos entre os 10 e os 14; e durante o período natalício estive mais ocupada com a preparação das performances (a ensaiar/criar pequenos espectáculos de teatro e a confeccionar alguns figurinos). Mas os meus momentos preferidos são as deslocações semanais às escolas primárias da cidade para dar aulas de circo, acrobacia e malabarismo a crianças mais carenciadas, cada sessão é absolutamente gratificante e é maravilhoso ver os progressos dos miúdos. A minha maior dificuldade é a língua. Aqui não utilizam artigos, as palavras não têm género e em vez de preposições têm 14 casos, muitas vezes sem regras definidas, onde adicionam um final diferente a cada palavra para mudar o sentido da mesma. Os meus alunos, no circo, divertem-se a corrigir-me e a explicar-me as diferenças de cada um dos finais e da sua pronunciação. Mas apesar de falar como o Tarzan e de recorrer a gestos e por vezes desenhos, não tenho tido problemas de comunicação e o meu vocabulário circense e de coisas do dia a dia tem aumentado. Fora do trabalho as coisas também estão a correr bem, encontrei algumas actividades do meu agrado - um grupo de danças tradicionais europeias onde até já dancei duas danças portuguesas; e alguns workshops de teatro de improvisação - por isso tenho convivido com muita gente local (e o mito de que aqui na Estónia as pessoas são frias e carrancudas, não é de todo verdade, pelo menos nos locais de lazer que tenho frequentado... já nos supermercados é outra história eheh). O grupo de voluntários de Tallinn (e da Estónia em geral) é bastante unido, e como o país não é muito grande conhecemo-nos quase todos, o que é óptimo para planificar viagens e ver os locais mais remotos deste bonito país. :) Cláudia