Encontramo-nos a realizar voluntariado em São Tomé e Príncipe, pelo Serviço de Voluntariado Europeu (SVE). Sendo a nossa área de estudos primordial a Educação, já que uma é gestora escolar e outra educadora de infância e professora do 1ºCiclo, foi-nos proposto que integrássemos um projeto que abrangia a gestão, planificação e criação de autonomia de uma creche na capital da cidade – Associação Instituto Sócio-Educativo da Criança (AISEC) -, assim como a cooperação no projeto Mé-Zochi, da Santa Casa da Misericórdia de São Tomé e Príncipe, nas comunidades da Saudade e da Madalena, onde estamos responsáveis pela reconstrução de uma creche e pela formação de auxiliares de educação que integração o corpo docente de um jardim-de-infância em início de construção. No que respeita ao trabalho nestes locais, os três diferem um pouco entre si, embora todos estejam a ser um desafio, essencialmente pela falta de recursos. Isto faz com que a criatividade e a reutilização sejam as palavras de ordem do nosso dia-a-dia em São Tomé. Neste sentido, pelas dificuldades muitas vezes sentidas, fomentam a cooperação e o diálogo entre todos os intervenientes destes projetos, como forma de garantir que o trabalho de equipa cresce e permanece aquando a nossa partida do país. A forma como se vive este trabalho é ainda uma pequena parte de como se vive em São Tomé, dentro do espírito do “leve-leve”, fazendo crescer a paciência, a tolerância e a nossa forma de ser enquanto pessoas. Existe uma vida muito terra-a-terra, simples, em que as compras são feitas essencialmente no mercado principal, em vendedores de rua, regateando preços e onde a música é a alegria deste povo que contagia. Este modo de vida proporciona também o contacto com muitas outras pessoas que se encontram na mesma situação que nós, o que permitiu a criação de muitas novas amizades, tanto com os locais como com portugueses, possibilitando ultrapassar o choque cultural inicial assim como outras adversidades que nos surjam pelo caminho. Em suma, tem sido uma experiência incrível e, embora demos sem querer receber nada em troca, o que melhor que poderia acontecer era saber que o trabalho que temos tido até então permanece aquando a nossa partida, deixando assim um pouco de nós e levando um pouco deles no nosso coração e pensamento.