Os Cookies ajudam-nos a fornecer os nossos serviços. Ao usar os nossos serviços, está a consentir a sua utilização.

Saiba mais
Inês Meireles, 21 anos 01/07/2017 Turquia

O meu nome é Inês, tenho 21 anos, sou estudante de Psicologia e natural da cidade do Porto. Nos meses de Julho e Agosto de 2017 decidi partir à descoberta e viajei para a Turquia, mais precisamente para a cidade de Gaziantep, com o intuito de, nessa cidade, poder realizar o meu Serviço Voluntário Europeu (SVE). Realizei o meu projeto na organização Gaziantep Egitim ve Genclik Dernegi, mais conhecida por GEGED. Sempre idealizei que surgisse a oportunidade de realizar um projeto de voluntariado, em qualquer parte do mundo, no qual pudesse ter uma experiência internacional. No entanto, sempre me deparei com as dificuldades de encontrar, quer organizações, quer projetos disponíveis devido às imensas burocracias, exigências, ideologias ou gastos associados. Foi quando, após alguma pesquisa, descobri o SVE e a possibilidade de nos podermos candidatar, tendo em conta a sua descrição e duração aos projetos que mais nos aprazem. Acabei por me candidatar e, ser aceite num projeto, na Turquia, no qual, durante dois meses, iria trabalhar com Refugiados, crianças e adultos, que se encontram nesse país a residir, ensinando-lhes inglês através de múltiplas atividades. Antes da partida para Gaziantep e, aquando da minha decisão pela escolha do projeto, os receios que surgiram foram muitos, devido à distância da viagem que teria que realizar sozinha, ao facto de se tratar de uma cidade que se situa nas proximidades da fronteira com um país em guerra, às enormes diferenças culturais e religiosas, às dificuldades que poderia sentir relativamente à alimentação e à adaptação ao clima e à possibilidade de ocorrer um ataque terrorista naquela zona. No entanto, tive a possibilidade de falar com alguns voluntários que me forneceram boas referências acerca do projeto em questão e, acabei por decidir incorrer nessa aventura. Todos os medos que me incorreram, antes do início do projeto, acabaram por se transformar num dos melhores desafios da minha vida e foram ultrapassados de uma forma muito natural e espontânea pela simples adaptação a uma nova realidade, fornecendo um brilho ainda maior a todo o projeto envolvente. Hoje, depois da minha chegada a Portugal, afirmo, sem qualquer sombra de dúvida, que se tratou da melhor decisão que poderia ter tomado. Tratou-se de uma experiência muito enriquecedora, gratificante e transformadora, na medida em que, permitiu que ocorresse uma enorme partilha multicultural, um quebrar de ideias pré-concebidas e, um abrir de horizontes, devido ao contacto efusivo, diário e constante com pessoas de diferentes nacionalidades e com diferentes histórias de vida. Esta experiência permitiu-me entrosar e adaptar às ruas, aos costumes e às gentes de uma nova cidade, com caraterísticas muito peculiares. Gaziantep, ainda que seja uma cidade, que se carateriza por um clima extremamente quente, nos meses de verão, é uma cidade do ponto de vista cultural muito interessante, na medida em que é possível vislumbrar a influência de diferentes culturas, quer pelas suas gentes, quer pela sua gastronomia. Considero que Gaziantep medeia, na perfeição, a ponte entre a cultura europeia e a do médio oriente, na medida em que, por exemplo, nas suas ruas é possível observar mulheres completamente cobertas com Hijab, Niqab ou Burka, bem como mulheres que apresentam vestes que nos fazem lembrar os países europeus. Gaziantep, também, apresenta uma gastronomia muito rica, sendo considerado a capital do Pistachio. Neste sentido, é possível observar inúmeros produtos que na sua composição apresentam este fruto seco verde (exemplos gelados, doces tradicionais, chocolates, etc). A cidade, também, é conhecido pela "boa comida", apresentando uma grande variedade de pratos de carne servidos sobre a forma de Doner. Os restaurantes em número astronómico compõem e dão vida à movimentada rua principal da cidade, Ataturk Boulevard. As oito semanas que vivi, em Gaziantep, iniciavam-se, sempre, com o "meeting" habitual, o qual era composto por todos os voluntários do SVE, por uma pessoa da organização, que o presidia, e, por inúmeros voluntários locais que tinham a função de acompanhar e ajudar os voluntários estrangeiros nas mais diversas atividades, especialmente com a tradução, a fim de facilitar a comunicação. Nesta reunião escolhíamos as atividades que pretendíamos realizar, durante a semana, atividades essas que se desdobravam entre aulas de inglês com crianças sírias, turcas e afegãs; clubes de conversação com adultos turcos, aulas de inglês com adultos sírios, trabalhos manuais com crianças sírias, aulas de inglês num orfanato, atividade de continuidade para construção de um papagaio e workshop de reciclagem com crianças sírias, aulas de guitarra e de teatro com crianças sírias, atividades com um menino portador de síndrome de Down, jogos de tabuleiro e mentais com crianças sírias, bem como, atividades de caligrafia e de leitura com crianças sírias. Para além disso, os voluntários beneficiavam de aulas de turco, árabe e espanhol. Os voluntários detinham o monopólio das atividades, tendo nesse sentido, de as preparar com antecedência, em grupo, escolhendo os temas, materiais e orientação que pretendiam fornecer às mesmas, tendo sempre em conta o público-alvo e o nível de inglês dos alunos. O facto, de nos ter sido dada a possibilidade de preparar todas as atividades e, de maior parte das vezes conseguirmos ter um acompanhamento de turmas fixas, ao longo dos 2 meses do projeto, permitia verificar progressos graduais de semana para semana no nível de inglês dos alunos. Ainda que o grande propósito que nos levava a todas as atividades fosse ensinar inglês havia sempre espaço para partilha de experiências e cultura, criação de laços de amizade e suporte e, no caso das crianças de momentos de grande brincadeira e diversão. Todas estas atividades foram muito interessantes, estimulantes, gratificantes e de um enorme crescimento interior pela oportunidade de conhecer seres humanos fantásticos e com histórias marcantes. Esta experiência também permitiu um contacto atroz com voluntários de diferentes países, uma vez que, habitávamos e partilhávamos o dia-a-dia, preparação de atividades, viagens, refeições, tarefas domésticas e festas culturais. Ao longo dos dois meses que permaneci na Turquia tive a possibilidade de contactar com voluntários da Ucrânia, Polónia, Itália, Portugal, Marrocos, Alemanha, Turquia e Espanha. Este contacto multicultural permitiu-me sair da zona de conforto, possibilitou uma maior abertura e partilha para com os outros, garantiu uma aprendizagem de novos costumes, hábitos e gastronomia e serviu para o desenvolvimento do trabalho em grupo. Agradeço imenso a oportunidade que me foi dada, devido à possibilidade de ter vivenciado toda esta experiência alucinante e soberba que nunca mais esquecerei!

Logo ProAtlântico Erasmus IPDJ ProAtlântico Associação Juvenil © Copyright 2014